quarta-feira, abril 19, 2017

O INDIVÍDUO

O Pedro Sette-Câmara retomou o seu O Indivíduo, que na década anterior, bem antes dos textões de facebook e da polarização ideológica contemporânea - especialmente no âmbito virtual - foi um dos sítios onde eu encontrava textos de assuntos interessantes (ou nem tanto) sempre envoltos numa aura intelectual/cultural rigorosa. Outros que escreviam nos Wunderblogs também proporcionavam essa mesma sensação: um padrão mais elevado, que eu traduziria como um espaço sereno, limpo, inteligente e elegante, distante do ruído e da gritaria dos arredores. Havia algo nesses locais desconhecidos da web pelo Grande Público que era recompensador demais, mesmo que autores/referências/assuntos citados pudessem passar muito a margem do meu interesse ou conhecimento na época e mesmo agora. Sem contar o alivio de encontrar essa gente que, de tão incomum que eram pela inteligencia e viés conservador, soavam subversivos no pântano dos blogs pessoais.
Passados inúmeros anos ele escreve parágrafos em seus posts de (re)abertura que me parecem como a perfeita descrição do que seguem sendo os principais elementos que proporcionam prazer em manter e vez em quando até escrever no próprio blog.
Seja bem vindo de volta Sette-Câmara, o Sr. fez falta.

Estranhamente, vinte anos depois, volto a sentir a mesma coisa que motivava a mim e a meus amigos: a vontade de ler algo escrito por uma pessoa, sem jargão, sem um tom impessoal, e, hoje, sem comprometimento com algum posicionamento pré-estabelecido, sem polarização, sem polimento à base de clichês.

Os anos passam, a água corre debaixo da ponte Mirabeau, e o formato do post de blog me parece mais adaptado a um tom de conversa, à fala relaxada de quem no entanto preza um certo rigor (mesmo que esteja sinceramente equivocado). Ouso dizer que isso, hoje, soa até ligeiramente subversivo: escrever porque sim, por puro gosto da conversa, por puro gosto do idioma.

SOFRA ACOMPANHADO

“Misery loves company,” she says. So if you’re going to suffer, at least suffer collectively.

O contexto dela extraído daqui, se refere ao sofrimento dos "tiros", o sempre exorcizante treinamento intervalado, mas a frase é ótima demais e se relaciona perfeitamente a inúmeros aspectos da vida.