quarta-feira, dezembro 28, 2016

MÚSICA EM 2016

Faltou a paciência de anos anteriores para vasculhar, ouvir e encontrar os bons álbuns, que devem ter havido, mas que eu não achei nesse ano. Na realidade achei, mas não em quantidade e mesmo qualidade de anos anteriores.
Ao longo de 2016 os serviços de streaming, as rádios do tunein e o mixcloud praticamente monopolizaram minha audiência musical, salvo quando do lançamento do recente Radiohead, e algo que a memória não me recorda mais. Muita erudição sonora na Swiss Classic, excelente pra leigos em música clássica como eu. Um bocado de Rádio Elétrica em ocasiões onde o prato que ela serve não era de todo mal. E o meu bem alimentado feed do mixcloud resumiram o muito que foi escutado.
Apressadamente tentei encontrar nas listas de melhores do ano de variados sítios algo que pudesse se transformar em alguma bela descoberta. Não foi em vão, os álbuns desse ano de Ina Forsman e Michael Kiwanuka podem formar esse meu pobre pódio de melhores de 2016 junto com A Moon Shaped Pool que também é ótimo.

segunda-feira, novembro 28, 2016

ELAS (AS FELIZES) AGEM

Se existe um denominador comum nas (consideradas) pessoas felizes é este: elas agem. Atuam sobre a realidade, produzem, criam a si mesmas. Quando dizem “vou fazer isto”, fazem. Quando se propõem a estudar uma coisa ou a organizar uma festa, isto acontece. São causa e consequência – autores da própria história pessoal.
Aplicando o raciocínio contrário, é fácil perceber que os infelizes são aqueles que não agem (e diria Plotino, tudo que é, age). É comum observar nestas pessoas características como paralisia, reclamação, tédio, ansiedade, adiamento, desordem. Cada um à sua maneira, infelizes são ótimos em repetições existenciais e dominam como poucos o modo de vida passivo auto-indulgente. 
Quem quer que queira ser feliz precisa fazer algo. A começar pela posse de si, pela integração do eu, até chegar à colaboração consciente na realização de um Estado de bem-estar: o apogeu coletivo depende desta apropriação individual do dever de agir (e agir, antes de política, anímica e existencialmente).

Mudança: aí está o problema. Num geral – e não precisa ser muito vivido para isso – as pessoas não querem mudar. Aquelas instalações assumidas na infância e adolescência reverberam por toda a biografia. A maioria de nós não confessa, mas é um tipo de Medusa: petrifica tudo o que abarca com os olhos. Toda abertura e alteração é uma espécie de destruição de uma pesada construção (que não foi feita para aceitar reformas).
Costumo dizer em aulas e cursos que a intensidade vital está diretamente ligada a esta abertura de alma que não só permite como deseja a alteração. Está vivo quem muda. Anote isso. Guarde isso. Se existe uma característica no corpo morto é justamente a rigidez: a frieza endurece, tirando toda a mobilidade e transformação que expressa vida.

Quanto mais complexa a realidade a que somos obrigados escolher, mais difícil enxergar a clareza do sim ou do não. Uma coisa é saber se vou almoçar agora ou depois, avaliando o tamanho da minha fome no momento. Outra é aderir a um projeto de vida, tomar outro rumo biográfico, suspender uma trajetória. Em poucas palavras, a vida humana – aquela que se diferencia substancialmente da animal – raramente se desenvolve nas extremidades (a verdade ou a mentira, a beleza ou a feiura):  é um acontecer de verossimilhança, possibilidades e algumas (muito poucas) certezas.

Bons trechos de Tiago Amorim, no seu A Vida Humana.

sexta-feira, setembro 30, 2016

CADÁVERES ADIADOS

do Avenida Paulista, de João Pereira Coutinho.

terça-feira, agosto 30, 2016

FOME II

Se consumimos de tal forma, como nunca aconteceu comigo mais (nem espero que aconteça, sinceramente: tinha muitos anos menos e tava absolutamente faminto por ti), nem antes nem depois.

domingo, agosto 14, 2016

FOME

É bom estar sentindo isso por alguém. A vontade de consumir esse alguém. Desejar cada traço do corpo, inspirar até o pior cheiro.

quarta-feira, agosto 03, 2016

THE LONG GOODBYE*

Exagerando, me estarrece a quantidade de tempo desde que escrevi nesse espaço pela última vez. 26 de fevereiro já se foi faz muito.
Vou tratar de, como até exercício além de mera prática, voltar aqui em períodos mais curtos daqui em diante. O plano a que me proponho nessa quarta, dia 3**(***), provavelmente resultará nesse efeito, sem querer soar PNL demais.


Adição de textos 1h depois:
Notei que com esse post superei a marca das minhas publicações do ano passado. Eram 4. Pergunto: como é que pode?
O flickr segue sem poder migrar fotos entre contas ou poderei unir minhas imagens todas numa só conta, além de poder subtrair vários links do menu ao lado?

*título de um policial noir de 1973 do Robert Altman, cujo torrent eu acrescentei a minha lista fazem alguns meses, mas que ainda não completou o seu download. Deve ser ótimo.
**adiado posteriormente para o dia 5.
***sofrendo na sequencia novo adiamento para o término dessa semana, mui provavelmente. Um ciclo infindável.

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

THNX JD

Hoje, atualizando o feed do Mixcloud, encontro o episódio seiscentos do show semanal de John Digweed. Admito aquela sensação agradável de orgulhosamente se sentir parte do clube que ouve o que esse cara disponibiliza para apreciação (consumo) na web em regularidade e frequência admirável.
Ele transmite o Transitions. O restante dos podcasts seguem todos num embalo coadjuvante, porém em nada depreciativo. Ouço um bocado de outros artistas ótimos. Só enfatizo que, não importando o convidado, o programa possui uma autoridade em elegância e refino musical no gênero eletrônico, que protagoniza-o acentuadamente.
Nesse último, o episódio 600, quando citou a legião de apreciadores do seu trabalho, ele me chamou de loyal. Sou mesmo. E muito agradecido às incontáveis horas embaladas sob seu rico arsenal de produção e critério musical. Como é bom ter a disposição tão rigorosa qualidade sonora de maneira tão fácil de se usufruir.
Sobre o episódio 600, ele é pesado e denso. Impossível ignora-lo. Ele não faria nada inferior nessa data.

sexta-feira, janeiro 29, 2016

TENNIS

Teimo em considerar o tennis atividade habitual. Deveria praticar espaçadamente, duas ou três vezes ao mês, no máximo semanal. E joga-lo apenas sob condições ideais, se não de atmosfera, de quadra.
Só assim obtenho o prazer que ele proporciona de se pratica-lo. Contrária a atividade inniterrupta, longa e constante da corrida, o tennis deve ser utilizado para degustação descansada, apressada apenas em algum rally ou busca por bola de maior dificuldade.
Tudo isso só pra não deixar de mencionar que a tardinha, embaixo de razoável chuva sobre o saibro, joguei uma das minhas mais prazerosas (e de boa performance) partidas de tennis até hoje, ao lado do Velho Adversário de Sempre, perdi. Com muito deleite.

sexta-feira, janeiro 22, 2016

DESCOBERTA

Arrasado, ao descobrir que o litro de cerveja havia sido esquecido fora da geladeira desde a última vez que se serviu. Lutando contra a alta temperatura externa e a pobre condição do refrigerador, não poderia ter cometido esse erro. O aumento da temperatura da garrafa e a impossível obtenção da condição de resfriamento anterior despertavam-no a cólera.
[continua...]

sábado, janeiro 02, 2016

A MÚSICA NO 2015 QUE SE FOI E TAMBÉM UM DOS ACHADOS DO ANO

Meu ano foi pobre musicalmente. Não gostei o suficiente de albúm algum pra mencionar aqui. Nada comparado ao 2013 recheado, ao 2014 de War on Drugs e Future Islands. 2015 foi, no entanto, o ano do Mixcloud.
A dispensa de ficar a procura dos arquivos para se ouvir, a delícia de versão para mobiles e o endereço via browser, os uploads constantes, a biblioteca enorme, o streaming de qualidade e segue. O Mixcloud transformou o 2015 em um ano musical como eu não experimentava desde a década passada, proporcionou um ano de som eletrônico em especial, mas também de outros gêneros, com aquela fina qualidade encontrada em locais especiais. O Mixcloud é um desses.