É uma bela instrução, para ser usada sempre que possível.
Socializar de vez em quando é ok, mas tornar isso um hábito chega às raias da falha grave de caráter. Isso é algo que aprendi ainda pirralho, nas festas de aniversário a que me arrastavam. O roteiro era sempre muito previsível e deveras entediante: crianças brigando por comida, crianças brigando umas com as outras, adultos tentando animar crianças, adultos e crianças cantando parabéns, crianças brigando por brindes e assim por diante. Não demorou muito pra que eu desenvolvesse o hábito de procurar pelas enciclopédias da casa anfitriã o mais rápido que conseguisse. Tu cresce e as coisas não mudam. Ah, tu sai pra "viver", "ter experiências", "vivenciar situações"? Sei. Em primeiro lugar, entenda: as outras pessoas não são - mesmo - assim tão interessantes, e muito menos as situações que elas proporcionam. Por outro lado, uma boa parte das raras pessoas interessantes que viveram neste mundo miserável escreveram livros, e é a eles que se deve acorrer em busca de companhia relevante. Em segundo lugar, admita: as tais incursões pela "aventura" geralmente seguem um roteiro semelhante ao das festas infantis. Gente enchendo a cara, gente falando bobagem, gente usando drogas, gente fazendo merda, gente sacudindo a carcaça, gente vomitando, gente voltando pra casa num estado deplorável, gente acordando de ressaca e rindo entre si das mesmas coisas de sempre, como um grande clã de oligofrênicos. Uau. Tão edificante que me dá vontade de chorar. E é esse mesmo tipo de gente que vive dizendo que "não tem tempo" pra ler. Pois.