sexta-feira, fevereiro 15, 2008

A QUE PONTO CHEGAMOS

Apesar de todas essas histórias de horrores, defendo a legalização da venda de órgãos. Meu argumento é essencialmente filosófico: o corpo é meu e faço com ele o que quero. Colocando a coisa de modo um pouco menos infantil: a autonomia do indivíduo, que é o fundamento lógico do Estado liberal-democrático, deve prevalecer sobre considerações do tipo "oh, coitadinhos dos pobres e ignorantes".

Muita gente passa por constrangimentos financeiros, mas nem por isso sai por aí roubando, se prostituindo ou vendendo pedaços do corpo no mercado negro (que já existe). Ainda que muitos ficassem tentados a trocar um rim por alguns milhares de reais, não vejo por que tirar-lhes o direito de decidir por si mesmos, desde que devidamente esclarecidos das implicações da escolha para sua saúde.

Hélio Schwartsman, escrevendo pra Folha.
Jornal e colunista de merda.