segunda-feira, julho 30, 2012

DOS CHINESES

Reclamar da falta de educação dos brasileiros é, infelizmente, chutar cachorro morto. De fato, alguém no Brasil que não se atrase, que agradeça e peça desculpas quando necessário é quase sempre um neurótico. “Fulano sempre chega antes do horário marcado e fica bravo com quem chega depois,” descrevem como se fosse uma patologia. Uma pessoa tímida ou reservada, então, não é só doente como também um problema seríssimo para a família e para a sociedade. Em qualquer lugar que se vá, os extrovertidos de plantão tentam a todo custo curar a timidez do pobre coitado – sem nunca levar em consideração que talvez não exista nada de errado ou, mais inimaginável ainda, que o sujeito prefira ser assim. 

Essa é a introdução de um post que trata sobre a China, sobre o povo chinês. Mui recomendavel a leitura do texto da Ieda Marcondes aqui.

quinta-feira, julho 26, 2012

S. S.

Soares Silva segue sendo a certeza de uma boa leitura mesmo quando escrevendo numa revista de conteúdo suspeito, desta feita acerca do filme On the Road:


(...)“dirigia um carro como se dirigir fosse uma obra de arte, como se o volante fosse o pincel e a estrada fosse a tela”. Fiquei dias tentando dirigir como se dirigir fosse uma obra de arte. Não dá. Dirigir é só dirigir. Assumi que se tratava de uma paixão gay na qual o menor gesto da pessoa amada é “uma obra de arte”. Kerouac ficou conhecido pelo estilo que chamou de “prosa espontânea”: uma enxurrada não editada de parágrafos. Esse é o ponto em que Truman Capote é sempre citado dizendo que isso “não é literatura, é datilografia”.

Dois, talvez fizesse sentido escrever em 1951 um livro “contestador dos valores da sociedade burguesa”, quando esses valores eram reinantes e, vá lá, opressivos. Mas agora, quando todos os filmes, romances e séries de tevê – todos os estúdios e agências de propaganda – assumem a mesma posição contracultural, o filme perde a força. Qual o sentido de ridicularizar a velhinha coroca que faz o sinal da cruz por qualquer coisa? Ela já não é ridicularizada em todos os outros filmes?

quarta-feira, julho 18, 2012

TRINTA

Meu ingresso na terceira década de vida teve um simbolismo do ponto de vista físico bastante intenso. Em raras ocasiões tive de ser medicado, excetuando-se numa gripe, eventual dor de cabeça, ou problema estomacal, remédios são estrangeiros no meu corpo. No que tange a músculos, articulações, ligamentos e coisas do tipo, possui algumas mazelas nas pernas devidos ao habitual running, algo normal. Faltando 2 dias para o meu aniversário, num exercício mal conduzido para os ombros (ou por outro motivo, é difícil supor), ingressei no mundo das lesões, e só hoje, passados mais de 10 dias, posso me considerar "curado". Na realidade mais torço do que posso assegurar estar em boas condições. Foi um horror, dores lancinantes próximas dos pescoço, envolvendo o trapézio direito e descendo quase a altura do meio das costas, que fizeram com que em seu ápice, no meio duma madrugada, eu levantasse da cama e me dirigisse ao sofá pra assistir algo na tv e fugir daquele mal-estar profundo, a quase impossibilidade de permanecer na horizontal. Vencido, chorei de pura dor como não lembro de em outra ocasião ter feito.
Como eu disse, quase 10 dias depois, ainda tenho enorme receio de realizar qualquer exercício que envolva alteres, repetições e pesos. Corri uns bons quilômetros, mas nada sob a estrutura acima da cintura.
Amanhã, possivelmente, dê cabo desses receios todos. Volte a levar meu estilo tolerável de vida, e para isso, necessariamente estão envolvidos meus habituais exercícios. Me privar deles, algo que repetidas vezes fiz ao longo desses 30 anos, nunca foi uma boa ideia.