Num texto de 2010,
arrisquei previsões sobre como a internet mudaria (ou não) a ficção. As
coisas andam rápido, e foi o tempo de relativizar alguns dos meus
próprios argumentos. Não o principal deles: a necessidade de uma
linguagem autônoma, que se diferencie da torrente de vozes nas redes
sociais, o cacarejo teimoso e exaustivo que torna tudo uniforme e
irrelevante — expressões raras que viram clichês em dois dias, a
originalidade que nasce morta pela replicação imediata e sem crédito, o
infinito de opiniões que se anulam umas às outras por excesso, o
barateamento de atributos como a ironia (cada vez mais sinalizada e
óbvia) e o cinismo (em geral ignorante e falso).
Michel Laub, em um post digno de moldura, no blog da Companhia das Letras.