ANTES QUE O ANO ACABE

Findando em poucos minutos esse 2013 que não deixará saudades, em 2014 ambiciono qualquer coisa menos ele.

A HORDA DO ELOGIO MÚTUO

Da mesma forma, gosto de poder apreciar certas unanimidades, de eleger os meus preferidos e de não pertencer a uma patota que pré-aprove as minhas opiniões, fugindo como da peste dessa cansativa mentalidade de horda que aclama ou desautoriza autores, e que é praticada pela maioria dos nossos valorosos luminares da literatura brasileira contemporânea.

Vanessa Barbara  comentando acerca de algo que assume características cada vez mais explícitas no atual campo literário nacional, essa intersolidariedade grupal da lisonja e elogio suspeitosamente sincero.

TEXTO EMPOEIRADO

Averiguando alguns posts salvos na condição de "rascunho", me deparei com esse que segue abaixo. Ele é incompleto, provavelmente por essa razão eu não o publiquei na época: almejava criar uma pequenina lista de recomendações antes de envia-lo ao blog.
Mas considerei justo pública-lo agora pois a música de que ele trata é algo que supera simples elogios. Um link do youtube pra facilitar.

A faixa 05, The Ocean, de Richard Hawley do albúm Coles Corner.
Não ouvi nenhuma canção mais refinada que essa em 2008. Atemporal por inteira e ainda assim destilando contemporaneidade e passado numa elegância e forma explêndidas.
Chega, sei, mas é tudo isso.
Gostei horrores de inúmeras de inúmeras outras, dentre as quais:

USELESS

Faz alguns anos que, assediados por críticos e não-leitores (categorias, curiosamente, muitas vezes superpostas) que lhe esfregam na cara sua crescente irrelevância cultural, muitos escritores vêm adotando uma defesa baseada no estímulo que a ficção daria às faculdades empáticas do leitor. Alegam que as narrativas inventadas aguçariam em quem as lê a capacidade de imaginar o outro, conceber o diferente e, portanto, ser mais compreensivo, democrático, compassivo, humano.

Sérgio Rodrigues aborda as benesses inclusas em toda a inutilidade que é a literatura.

LINKLATER

I feel like if someone were to touch me, I'd dissolve into molecules.

Sentença de Before Sunset, do Richard Linklater. Faz pouco que descobri que agora há um Before Midnight, lançado nesse ano. Assistirei. Deve agradar, como os anteriores.

ROGER SCRUTON

Quando as pessoas são incapazes de encontrar consolação, elas se vingam de si mesmas e do mundo tentando mostrar que a consolação é impossível. Nós projetamos nossas próprias falhas morais no mundo de forma a nos provermos de uma desculpa para ter estas falhas. Assim, quando as pessoas são incapazes de amar, elas descrevem o próprio mundo como “sem amor” e “impossível de ser amado”.

Trecho de uma entrevista com o cidadão por trás de On Beauty, obra imprescindível e que eu recomendo assim, de joelhos.

DAS FALÁCIAS E TAMBÉM DO SONO

Eu gosto mesmo é de dormir (...). É um momento de magia quando você, só cansaço, cansaço da pesada, deita o corpo e a cabeça numa cama e num travesseiro. Ensaio, prosa, poesia, modernidade, tudo isso vai para o brejo quando você escorrega gostosamente da vigília para o sono.

Michel Laub, na Folha, assinalando as falácias da literatura e, nessa passagem, me lembrando da minha relação com o sono em noites frias de inverno.

STILL 2006

A jogada com ele seria para um cruzamento, não para finalizar. E pra quê cruzar se não tínhamos o Fernandão na área? Eu estava esperando alguém chegar, ou na pior das hipóteses, tentar infiltrar e eu mesmo finalizar. Mas aí o Gabiru passou rápido, e naquela velocidade ninguém alcançaria ele. Não tive dúvida. Ele estava mais centralizado e eu acertei o passe. E o resto agora é história.

Iarley, pro impedimento.org, dando mostras da extraordinária pessoa que certamente ele é.

OS EDUCADOS E LIMPINHOS

O que essas pessoas aparentemente educadas e limpinhas querem na verdade é julgar os outros a partir de suas opiniões sobre um assunto polêmico. Ah, como elas gostam de julgar os outros a partir de suas opiniões sobre um assunto polêmico. É um hobby que têm. Saem na rua só para encontrar alguém com uma opinião sobre casamento gay ou o aborto. Batem de porta em porta a procura de alguém com uma opinião sobre o casamento gay ou o aborto. 

Daqui.

CRÍTICA

Lucho, direto de La Plata, envia a primeira crítica do ebook recém lançado. Terá ele razão sobre a analise do próprio autor?

Achei interessante vossa criatividade nos textos quase todos envolvendo conteúdo praticamente pornográficos...creio eu que por ser um maníaco sexual assumido não?  Devo interpretar que são historias baseadas em fatos reais? confesso meu agrado por vários trechos que conseguiram me tirar inclusive algum que outro sorriso.

INTERNET IS FOR PORN

Vamos voltar às origens da internet-moleque, internet de raiz, internet com dois pontas enfiados (epa, opa). "Internet is for porn"; "internet is not for sua opiniãozinha irrelevante". Essa é a minha opinião, entende?

Rui Goiaba, na Folha.

RIOT

Pode-se observar, como sempre acontece, aquele elemento preocupante de pedir mais governo para resolver problemas criados pelo governo. Mas talvez isto seja mais uma questão de ignorância política e econômica do que comprometimento ideológico. O que pode se tornar um grave problema é os grupos ideológicos organizados, ou o próprio governo, capitalizar os protestos a seu favor.

Bruno Garschagen escreve o melhor texto que li sobre os protestos dos últimos dias.

LIVRO

Pois acabei reunindo alguns escritos do passado e publiquei em um ebook. Condenem-me.

Seguem os links pra download nos devidos formatos: iBookstore, epub*, mobi (kindle), na Scribd, e também lá na Amazon.

* Arquivos epub podem ser lidos na maioria dos ereaders, ou no próprio computador via Adobe Digital Editions. 

Pé de milho e outros contos

CONECTE-SE MAIS

Pequeno trecho de um texto formidável do Soares'ilva, disponível aqui:

Conheci muita gente envolvida com internet, blogueiros, ex-blogueiros que agora têm Twitter, e todos eles hoje passam um tempo pequeno demais na internet. Aos 20, passavam madrugadas inteiras tendo uma vida online engraçada e inteligente. Talvez frívola – não digo que ia sair daí um Thomas Mann. Mas faziam parte de uma vida inteligente na internet (que havia mesmo, e ainda há nuns cantos). Especialmente depois que começam a trabalhar, passam os 30 anos, têm filhos, e meio que abandonam a internet, só fazendo um comentariozinho aqui e ali, visitando dois ou três sites por dia. E vivendo (pfui). Com isso, pelo menos nos casos que conheço, abandonam junto a vida da mente. Antes escreviam, agora trabalham e têm pólipos anais.