domingo, outubro 29, 2017

THE SIMPLICITY OF RUNNING


Aproveitando a referência imediata ao post anterior, considerei ótimas demais as palavras de Wayne Hemingway (desconheço quem seja) em publicação inglesa disponível no Issuu

OS PATÉTICOS QUE CORREM

Considero temas relativos a running, a corrida, ao hábito de correr, muito interessantes, não apenas a prática em si mas também me atrai o que há por trás, termos cientificos, a técnica e psicologia, além, claro, as competições e disputas do atletismo em geral. Em resumo, gasto um tempo razoável lendo sobre isso na web e não raro assisto maratonas inteiras na televisão com certa satisfação (que tem diminuído bastante ultimamente, mas isso se estende a praticamente todos os esportes televisionados). Em termos de diversão, a semana de track and field nas Olimpíadas só perde para a Copa do Mundo de futebol e o hors concours que se desenrola nesse instante: o mês de outubro do baseball e sua sempre insana pós-temporada.
Escrevo essa introdução pra contextualizar o seguinte: o conteúdo que acompanho sobre corrida e atletismo em geral não abrange um outro lado desse mesmo tema, disseminado de maneira viral na internet, aparentemente não apenas no Brasil: os blogs dos corredores. Salvo uma ou outra exceção (em português considero ótimo o Recorrido) procuro fugir deles, mesmo que reconheça que devem existir valiosos endereços. Um texto publicado no Wall Street Journal com o título OK, You're a Runner. Get Over It, rendeu um bocado de comentários. Nele, Chad Stafko comete inúmeros erros de apreciação, generaliza os corredores como um único aberrante grupo de pessoas, uma massa humana patética, insinua que tratam-se de algo equivalente a verdadeiros retardados do asfalto:

I have a theory. There is no more visible form of strenuous exercise than running. When runners are dashing down a street in the middle of town or through a subdivision, they know that every driver, every pedestrian, every leaf-raker and every person idly staring out a window can see them.

Dias depois, um dos integrantes da Runner's World americana escreveu um texto que tratava de maneira sarcástica os escritos de Chad Stafko, estabelecendo traduções para as frases contidas no texto original. O resultado foi igualmente um desastre. A ironia não funcionou de maneira nenhuma e o que restou produziu apenas constrangimento.
Stafko tocou num vespeiro. Em blogs como esse, o comportamento padrão dos corredores em agir como se fizessem parte duma honorável seita digna de admiração por todos os demais, fica bem evidente nos comentários. Todavia. Beth Risdon, a proprietária do mesmo blog escreveu uma carta em resposta e creio que tenha feito um ótimo trabalho:

What you don't get is that most people are literally running for their lives and for the lives of others. They are running to overcome illness, to support charities, to deal with tragic loss, divorce, obesity, mental health diagnoses, heartbreak, getting older, stress and addiction, to stay strong and healthy as they age, to avoid therapy. They are running to feel alive and to therefore be better wives, mothers and friends.

Sem superestimar os corredores, ou trata-los de maneira distinta e especial, mas mencionando a importância que cada um dispensa a pratica, a forma com que a corrida auxilia no mero desenrolar do cotidiano, tornando-o mais suportável.
Desconheço melhor maneira, por exemplo, de lidar com o tédio, tornar o dia-a-dia menos angustiado e ansioso. Em suma, não saberia viver sem.


P.S.: o enunciado acima só para comentar que voltarei a falar sobre corrida na sequência. Durante esse 2017 corri duas maratonas e elas possuem ambas suas histórias para contar.

segunda-feira, outubro 23, 2017

DO HÁBITO DE TER DE SE POSICIONAR E A URGENTE ÚLTIMA POLÊMICA

De fato há um modo jornalístico de seguir vivendo: atuais como nunca, temos nos esmerado em portar a urgência, comentar aquilo que se publicou minutos atrás; demonstrar nossa indignação ou anuência às falas que reverberam, incipientes, a emoção do momento. Como partidários de causas e pessoas, não nos furtamos ao sacrossanto direito de opinar e marcar um território que julgamos sempre necessário. Nada deve escapar ao nosso ímpeto de exterioridade – espaço onde transcorre, desde então, a maior parte de nossas vidas agitadas.

Daqui.