quarta-feira, janeiro 27, 2021

COMO O DESTINO SE IMPÕEM SOBRE NÓS, INDEPENDENTE DA NOSSA VONTADE, E COMO DEVERÍAMOS ESTAR A ALTURA DOS DESAFIOS QUE SE APRESENTAM

E os anteriormente impensáveis, melhor, incogitáveis trezentos e sessenta e cinco dias sem um gole de álcool acabaram acontecendo. Um ano e sete dias, precisamente falando. A jornada findando simbolicamente num vinho seco em família na noite do meu aniversário.

Seria mentira afirmar que permanecer todo esse tempo sem beber foi algo complicado. Não foi tanto assim, pois haviam outras inúmeras coisas acontecendo que facilitaram a empreitada. Minha vida assumiu uma direção tão diferente nos últimos meses que é impossível fazer qualquer paralelo com outro instante anterior. Por isso, é máxima a certeza de que o contexto ajudou demais a realização da tarefa: uma criaturinha se materializou, uma epidemia surgiu e freou as idas e vindas, os instantes de ócio diminuíram brutalmente, as preocupações e os dramas não ficaram em nada menores, mas mudaram de terreno, plano, configuração. 

I realised that I would have to work on not drinking and my mental wellbeing every day of my life. Not drinking is good but it doesn’t magically cure everything. Life is not straight forward; it still can be difficult, and I work on my mental health on a daily basis. That still has a certain stigma, but I see it as normal and I embrace it. After all, if I exercise most days to maintain my physical fitness, where’s the problem with exercising the mental muscle every day to maintain my mental fitness?
OYNB.

E daqui em diante como vai ser? Não saberia dizer. Seria precipitado arriscar.
Acho que em situações onde um vinho, uma espumante ou uma cerveja surjam como prazeres a serem aproveitados/usufruídos, eu não deva frear o desejo, especialmente quando estiver acompanhado.
Mas confesso: simplesmente impossível não ambicionar uma vida sem álcool. O mal-estar posterior se torna uma sensação tão, mas tão dispensável que, livrar-se disso de uma vez por todas, não seria, de fato, nada ruim.

No mais, sigo incrédulo como tudo pode ter ganho contornos tão estranhos e diferentes num espaço tão curto de tempo. A ingerência das próprias escolhas contrastando com a aparente aleatoriedade caótica do Destino, em maiúscula. O resultado disso tem contornos profundos e ainda não compreendidos na sua totalidade.
Eis a Vida, em resumo, diriam.