terça-feira, agosto 21, 2012

A ONIPRESENÇA DA ESCRITA

Num texto de 2010, arrisquei previsões sobre como a internet mudaria (ou não) a ficção. As coisas andam rápido, e foi o tempo de relativizar alguns dos meus próprios argumentos. Não o principal deles: a necessidade de uma linguagem autônoma, que se diferencie da torrente de vozes nas redes sociais, o cacarejo teimoso e exaustivo que torna tudo uniforme e irrelevante — expressões raras que viram clichês em dois dias, a originalidade que nasce morta pela replicação imediata e sem crédito, o infinito de opiniões que se anulam umas às outras por excesso, o barateamento de atributos como a ironia (cada vez mais sinalizada e óbvia) e o cinismo (em geral ignorante e falso).

Michel Laub, em um post digno de moldura, no blog da Companhia das Letras.