domingo, novembro 16, 2008

COX

Eu vi. E foi bom. Mas a atmosfera resolver foder com tudo:

Quando se ingressa, digamos que num supermercado, de antemão sabemos que boa parte das pessoas que estão por ali não merecem sequer um oi, que dirá uma troca de diálogos, cumprimentos ou seja lá o que for. As pessoas não são tão interessantes assim, definitivamente, na sua imensa maioria. Mas o público que freqüenta apresentações como a de ontem elevam essa marca a níveis absolutamente inaceitáveis. Não almejava ao mero desvio do olhar me deparar com lindas loiras, unanimemente intelectuais, fornidas de conhecimento na mesma medida que esbanjavam sedução pelos seus longilíneos corpos. Longe disso. Mas uma olhada de soslaio para o lado ou, para não exagerar, uma ida até o banheiro, lhe fazia imediatamente questionar o que diabos se estava fazendo ali. Ali, junto daquela horda de criaturas repugnáveis desde o couro cabeludo até a unha dos pés. Mas esqueçamos eles por hora.
O show? Bom, foi Carl Cox, ponto. Já se tinha a certeza que seria muito bom. Foi pesado, com um grave aterrador, que me fez correr de frente das proximidades do palco pelo mal-estar absoluto que aquela vibração dispensava no meu corpo. Ouvir a voz do bom negro, a mesma que se faz presente nos sets que semanalmente baixo na web, foi dum regozijo só. Tava ali o cidadão que tinha exercido fortíssimas influencias para que, de fato, lenta e progressivamente, eu fosse me apaixonando pela música eletrônica. Isso nos idos de início de 2004.
Mas não podia ser diferente; a noite de ontem também deixou suas seqüelas. Seria impossível o contrário. Prometi que depois de assistir a Cattaneo e Cox, faltando apenas ver John Digweed para que a Santíssima Trindade se complete, não retornarei a um ambiente como esse. Vou optar por ouvi-los no conforto do lar, ou nos headphones enquanto corro. Quero muita distância do público destes artistas. Aprecio a música deles de forma muita mais agradável imerso na minha equalização, no meu volume, e sem ser acossado pela companhia de seres que belo serviço fariam se resolvessem simplesmente desaparecer da face da terra.